TRAGÉDIAS E COMPAIXÃO – Quando a dor nos torna mais humanos.

Quando a dor nos torna mais humanos.

O ano de 2019 começou com muitas tragédias. O rompimento da barragem em Brumadinho, as chuvas que provocaram deslizamentos no Rio de janeiro, o incêndio no Ninho do Urubu e a queda do helicóptero que matou o jornalista Ricardo Boechat.

Em meio ao sofrimento é alentador ver que existem pessoas capazes de largar tudo para prestar ajuda.

Também é de se louvar as campanhas de arrecadação de mantimentos, no Brasil inteiro, em prol das vítimas.

Essas tragédias têm a capacidade de fazer vibrar em nós o sentimento de empatia, de colocar-se no lugar do outro, compreender sua dor e querer, de forma genuína fazer algo para que essa dor seja diminuída ou cessada. Isto se chama compaixão.

Há muito que esse tema deixou de ser um assunto exclusivo das religiões. A ciência vem se ocupando dessa habilidade humana e desenvolvendo programas para ensiná-la.

Assim como aprendemos a ler, escrever, também aprendemos a ser compassivos.

Estudos de Neurobiologia comprovam que o exercício da compaixão, ativa neurotransmissores no cérebro que estão ligados ao sistema de satisfação, calma e segurança.

Esse sistema se opõe ao sistema de ameaça e proteção que está ligado à raiva, medo, ansiedade e aversão.

É a ação intensa desse sistema, associada ao sistema de conquista que faz uma pessoa buscar de maneira compulsiva, a riqueza e o consumo, tornando-a egoísta.

Ao contrário, o sistema de calma e proteção é o único capaz de desenvolver a felicidade verdadeira e sustentável. Mas se a compaixão é tão boa, porque a maioria das pessoas não a pratica?

Em primeiro lugar porque não é ensinada e também porque no ocidente esse conceito não é bem entendido. Quem oferece compaixão é visto, indevidamente, como superior e quem a recebe é considerado fraco.

Ser compassivo não é ter pena de alguém e sim reconhecer o sofrimento no outro e tratá-lo como gostaria de ser tratado.

Para desenvolver a compaixão é necessário primeiramente, aprender a ter autocompaixão que é a capacidade de olhar para si mesmo com gentileza e compreensão.

É necessário, ainda, reconhecer a própria fragilidade, afinal todos nós temos nossa própria história, nem sempre carregada de experiências positivas.

O segundo passo é olhar para o outro com olhar menos crítico, aceitá-lo incondicionalmente pelo simples fato de ele ser humano como nós.

Se soubéssemos o quão bem faz a nós o amor ao próximo, passaríamos a cultivar e a praticar a compaixão, ao menos por amor próprio.

Romildo R. Almeida Psicólogo clínico

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Romildo Ribeiro de Almeida

Psicólogo

Romildo Ribeiro de Almeida é psicólogo clínico formado pela Universidade de Guarulhos, pós-graduado em Psicologia Analítica pela Universidade São Francisco, especializado em Hipnose Ericksoniana pelo Instituto Milton Erickson dos EUA. É instrutor de Mindfulness formado pela Unifesp e possui treinamento com professores do Oxford Mindfulness Centre do Reino Unido em Terapia Cognitivo Comportamental baseada em Mindfulness (MBCT). Escreve para jornais, revistas e sites sobre Psicologia e comportamento humano. Dá atendimento clínico de segunda a sábado em Guarulhos, SP, para jovens, adultos, crianças, adolescentes e casais nas abordagens: Cognitivo comportamental baseada em Mindfulness, e Hipnoterapia. Realiza cursos de Mindfulness de 8 semanas para Promoção de Saúde e Redução do Stress.