HUMANIZANDO CONEXÕES – Quando o celular ocupa o centro, quem perde somos nós.

Quando o celular ocupa o centro, quem perde somos nós.

Cena comum no cotidiano da classe média: Uma família composta por um casal e dois adolescentes aguarda no restaurante a chegada do garçom.

Detalhe: cada um olhando a tela do seu celular envolvido com alguma coisa que parece ser mais interessante do que o contato entre eles mesmos. Já faz algum tempo que esse invasor chamado de smartphone ocupa indevidamente o lugar que seria o da interação entre pessoas.

O dono de um restaurante em Los Angeles, nos Estados Unidos, preocupado com esta questão resolveu oferecer desconto de 5% na conta a quem concordasse em deixar o celular na portaria.

Pelo menos metade dos clientes aceitou a oferta talvez sensibilizada mais pelo desconto do que pela nobreza da causa. Seria bom se outros estabelecimentos seguissem esse exemplo contribuindo assim para uma melhor conexão entre seres humanos.

Se de acordo com as regras de etiqueta deixar um celular à mesa durante a refeição já é em si um fato extremamente deselegante, o que diríamos de tirar foto do prato antes de comer e postá-la nas redes sociais? Vale destacar que no Brasil o número pessoas com acesso à Internet é de 139.1 milhões (66% da população).

Uma pesquisa revelou que os brasileiros gastam, em média, 9 horas por dia navegando na web. O país também é o que mais acessa as redes sociais, são aproximadamente 3 horas diárias.

A consequência direta desse fenômeno é o empobrecimento das relações de afetividade o que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, chamou de amor líquido no qual os relacionamentos escorrem das nossas mãos por entre os dedos como se fossem água. No mundo líquido, tudo é descartável inclusive os vínculos de amizade e companheirismo.

A característica principal da comunicação virtual está sendo estendida para os vínculos afetivos. Se para deletar um contato da nossa agenda basta um clic, com a mesma rapidez e simplicidade também deletamos uma pessoa da nossa vida numa atitude fria e calculista.

Está na hora de nos desconectarmos das redes sociais que rouba o nosso tempo e corrompe nossas mentes. Precisamos investir na única conexão que pode nos salvar desse processo de desumanização que estamos vivendo: A conexão face a face de olhar, ouvir e sentir o outro.

Aquela em que defeitos e qualidades se somam e se integram formando vínculos duradouros que o tempo não apaga e a distância não separa. Essa conexão se chama amor.

Romildo R. Almeida Psicólogo clínico

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Romildo Ribeiro de Almeida

Psicólogo

Romildo Ribeiro de Almeida é psicólogo clínico formado pela Universidade de Guarulhos, pós-graduado em Psicologia Analítica pela Universidade São Francisco, especializado em Hipnose Ericksoniana pelo Instituto Milton Erickson dos EUA. É instrutor de Mindfulness formado pela Unifesp e possui treinamento com professores do Oxford Mindfulness Centre do Reino Unido em Terapia Cognitivo Comportamental baseada em Mindfulness (MBCT). Escreve para jornais, revistas e sites sobre Psicologia e comportamento humano. Dá atendimento clínico de segunda a sábado em Guarulhos, SP, para jovens, adultos, crianças, adolescentes e casais nas abordagens: Cognitivo comportamental baseada em Mindfulness, e Hipnoterapia. Realiza cursos de Mindfulness de 8 semanas para Promoção de Saúde e Redução do Stress.